terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Fazenda Vale Verde (Vargem Grande - MA)

No município de Vargem Grande, 167 km de São Luís, na estrada que leva à cidade de Chapadinha (mais 18km pela BR-222), está localizada a Fazenda Vale Verde.

Visitamos a fazenda inúmeras vezes. Embrião de Hotel Fazenda, a Vale Verde se tornou um  projeto dos proprietários, nossos grandes amigos Alberto e Cristiane, e exemplo de respeito ao meio ambiente e à dignidade humana. Isso porque a Vila Ribeiro, comunidade próxima, foi favorecida de inúmeras formas - o contrário do que acontece normalmente em situações semelhantes. E não estamos aqui falando de assistencialismos.

A área anteriormente devastada passou por um processo de reflorestamento, ou "reconstrução natural", captaneada cuidadosamente e de forma obstinada por seu Manoel, pai de Cristiane, também proprietário. Foi ele, aliás, o responsável por transformar a Vale Verde em modelo de preservação e torná-la referência.

Lamentamos profundamente a venda da Fazenda Vale Verde, ocorrida há alguns meses.  Incidentes violentos ocorridos nas imediações preocupou os proprietários. Principalmente porque os pais de Cristiane, seu Manoel e Jesse, estavam morando na fazenda. Ficaram apenas as lembranças dos diversos passeios que fizemos à Vale Verde, e os inúmeros eventos dos quais participamos.

Esta postagem é, na realidade, uma homenagem à Fazenda Vale Verde e àqueles que a tornaram  inesquecível. Fica aqui nossa saudade, que tentamos traduzir em fotos.


Pose de caçador na varanda da "casa grande", como eu chamava a casa-sede da fazenda


Com Helen e Cristiane. Foto de Isabel Medeiros


Passeios à cavalo, uma das inúmeras atividades de lazer


Pescando o jantar. À noite, fizemos churrasco de peixe


Vale ressaltar que na fazenda existia também a Cabanha Mesquita, um plantel de carneiros e ovelhas de primeira linha. Aqui, os inúmeros animais se recolhendo, no final da tarde


Foto surreal no espaço da cabanha. O carneiro com a cabeça dentro do pneu não é montagem - foi pura coincidência


A água parece um espelho das palmeiras


Com meus pais, que também visitaram (e adoraram) a Vale Verde


Fazendo trekking na mata, ainda dentro da propriedade. No meio da trilha (de 4 horas) encontramos pegadas e tocas de animais, além de alguns igarapés de águas limpíssimas. Aqui, matando a sede nas águas avermelhadas da Vale Verde


Se refrescando em um dos igarapés


Em abril de 2004 aconteceu a Oficina de Extensão em Turismo Rural na Vale Verde, com os alunos do curso de Turismo da faculdade onde Cristiane se formou - hoje, Cris é turismóloga e professora universitária, além de escritora (e artesã nas horas vagas)


Dentre as inúmeras atividades coordenadas por Luiz, Bia e Édson (professores responsáveis pelo evento), os alunos fizeram o trekking na mata


Quando finalmente saíram da mata já era noite. Adoraram a aventura


A noite foi animada por um Tambor de Crioula e repentistas da região. Cerca de 40 alunos participaram da oficina. O saldo foi pra lá de positivo


Luiz, Isabel e Cristiane "construindo" a primeira cabana para hóspedes do que seria o Hotel Fazenda. As cabanas seriam batizadas de acordo com os elementos da natureza. Aqui, a cabana Fogo


Cabana Fogo finalizada, à beira de um dos açudes. Papai se recusou a dormir na "casa-grande" e se instalou ali mesmo. A noite foi maravilhosa, segundo ele e mamãe


Parte interna da cabana


Essa cabana à beira de um outro açude funcionava como uma espécie de tijupá. Foi nela mesmo que eu e Luiz ficamos numa das visitas à fazenda


Luiz armando nossas redes na varanda da nossa choupana. Desde que a vi, falei que me hospedaria nela


Parte da cozinha da choupana. Quando precisávamos de água, buscávamos no açude bem em frente. Cristiane arrumou a choupana carinhosamente para nos receber, com uma decoração típica das casas sertanejas


Coloquei umas cadeiras de macarrão na porta para receber as visitas. Estava realmente me sentindo em casa


Em uma de nossas inúmeras visitas, Luiz encontrou essa canoa no igarapé próximo à sede da fazenda. Vale ressaltar que estamos postando fotos não de uma única viagem, e sim de várias


Luiz é praticante de canoagem - não consegue ver um remo


Eu e Bia (Beatrice, amiga perdida para São Paulo) passeando de canoa


Isabel, que também estava no passeio, preocupada com o tronco adiante - como iríamos passar? Deitados, é claro


Luiz foi abrindo caminho no meio do mato que cobria a água. Teve gente que viu até jacaré nos espreitando. Claro que foi só loucura


O passeio termina em um dos açudes


Helen e Isabel passeando de canoa no açude em frente à "minha" cabana. Foto de Isabel Medeiros

Farra na Vila Ribeiro, assentamento próximo à fazenda. Foi um Dia de São João bem original - não havia energia elétrica, a iluminação vinha das fogueiras, tudo bem rústico, carro de som alugado tocando forró, barraca vendendo comidinhas típicas dos festejos juninos...

Boi infantil da Vila Ribeiro. Quando terminaram as apresentações, Luiz e Cristiane compraram dois panelões inteiros de mingau de milho, ou munguzá, e ofereceram às crianças e demais participantes das brincadeiras. Além do Boi, as crianças da comunidade apresentaram uma quadrilha


Curtindo um forrozinho pé-de-serra na Vila Ribeiro. Na foto, Isabel e um morador da comunidade. À esquerda, Luiz e Cristiane. Aproveitamos a festa o quanto pudemos. Voltamos pra São Luís de madrugada

Alberto e Cristiane. Aqui, numa viagem que fizemos juntos à Bacabal, para participar do leilão de carneiros e ovelhas de Nélson Frota, conhecido criador maranhense. E foi exatamente aqui que nos aventuramos a formar um plantel, incentivados pelo casal. Mas nossa aventura como criadores foi meteórica, apesar das "aulas" e apoio total de Cristiane e Alberto. Não "entramos no espírito" do agrobusiness. Nosso negócio definitivamente é outro

domingo, 18 de dezembro de 2011

Trilha Farol do Araçagi

Dentre as infinitas trilhas off road da ilha de São Luís, a do farol da praia do Araçagi (município de Raposa), no período chuvoso, desafiou os jipeiros a ponto de se transformar em ponto de honra conseguir vencê-la. Houve uma ocasião, inclusive, em que tivemos de deixar os carros na trilha e retornar no dia seguinte para resgatá-los com um trator, que também fez o favor de atolar.

E como diz a velha máxima - as imagens valem mais que mil palavras... E essa postagem é para quem gosta de aventura de verdade.


Começamos a trilha turbinando os carros. Na foto, Gabiru, que também é mecânico, com uma garrafa de whisky na boca do reservatório de combustível deste jipe

Nosso percurso iniciou na praia do Araçagi, uma das últimas da cidade de São Luís

Atravessando um pequeno rio que desemboca na praia do Araçagi




Confronto de gigantes?  Não, apenas uma forma de desatolar o jipe vermelho

São quilômetros de praia quase deserta, inclusive aos sábados. Já aos domingos a realidade é outra. Mas nunca fica superlotada, como as demais praias de São Luís
Após a praia do Araçagi vem a praia do Mangue Seco, assim batizada por causa do principal acesso, através de um mangue que, na maré cheia, inviabiliza o acesso à praia. Portanto, as pessoas conseguem chegar até a praia somente se o mangue estiver seco
O acesso à praia de Mangue Seco (município de Raposa) se dá pela praia (somente 4X4) ou pelo mangue. Na estrada da Raposa, descer à esquerda em frente a uma estátua (na dúvida, é só perguntar – todos sabem informar). Terminando a rua asfaltada, deixa o carro e segue a pé por dentro do mangue (cerca de 10 minutos de caminhada) ou de carro, se não se importar – ambos com a maré baixa, claro

Entramos em alguns terrenos particulares (com prévia permissão) e tivemos acesso à trilha atrás do farol do Araçagi. Logo no início pudemos ver que teríamos muita água pela frente

E lama também. Tudo que um jipeiro gosta


Muita lama MESMO


Em alguns pontos da trilha o terreno parece areia movediça. Aparentemente, a areia parece firme. Mas vai engolindo o carro devagar

Todos os carros atolaram e foram retirados com muito esforço

Foram 9 jipes , 1 samurai e 1 troller que enfrentaram essa provação até chegar ao paraíso que estava à nossa espera


Na metade do caminho, comemorando a travessia na lama



Enfim, o paraíso. Poucas pessoas têm conhecimento desse oásis, entre o farol do Araçagi  e o mangue que contorna a praia

Lago de águas claras e limpas, e o fundo é de areia firme

Rodeado de árvores

Só poderia se tornar um convite ao banho

Quase todos os carros chegaram ao destino. Alguns foram deixados no meio do caminho, para serem resgatados na volta

No meio de uma tarde de sábado, depois de tanto sufoco, a ordem era aproveitar



No período de estiagem fizemos alguns piqueniques, com muito churrasco e menos sofrimento. Mas o pessoal gosta mesmo é do período de chuva


Após o merecido banho, voltamos à nossa realidade de jipeiros e fomos resgatar os carros que continuavam atolados, e voltar pra cidade



 
O jeito era fazer força mesmo, para liberar a passagem

Mas ainda sobra ânimo para brincar na lama. Detalhe: era aniversário de Cláudio (na foto, de camisa)



Realmente tentamos desatolar todos os carros


Mas à medida que desatolávamos uns, outros iam ficando


Até que chegou a noite e todos os carros, sem exceção, eatavam atolados


Pensamos em dormir nos carros, mas algumas pessoas do grupo decidiram caminhar até onde houvesse sinal de celular, e conseguiram ligar para as esposas e amigos, para que viessem nos resgatar no inicio da trilha. Resolvemos abandonar os carros, levando tudo o que tinha de valor, e fomos andando até o asfalto


Voltamos pra casa depois da meia-noite, e acredito que a mais braba das esposas era Jeanne, esposa de Cláudio, que havia preparado uma festa e o aniversariante, juntamente com alguns convidados, não puderam comparecer
 

No dia seguinte, de manhã cedo, todos voltaram para o resgate dos carros. Tentamos levar o que poderia ser preciso para cumprir nossa missão


Graças a Deus encontramos os carros do jeito que deixamos


O jeito era carregar tudo até onde estavam os últimos carros

E começamos o processo de "desplantar" os carros. Começamos pelos carros que estavam mais distantes


Alugamos um trator para ajudar na operação, mas como ele atolou logo no inicio da trilha, o jeito foi realmente fazer muita força

Até os macacos hi lift deram problema - era muita lama




Trouxemos também outros carros que possuíam guincho, que aliás trabalharam bastante


O trabalho foi duro mas conseguimos desatolar todos os carros. Passamos o dia todo fazendo força, das 7:00 da manhã às 4:00 da tarde


Teve carro que voltou rebocado - faz parte

 


Na volta, ainda enfrentamos alguns trechos com lama, mas deu pra passar com certa tranquilidade


Na ânsia de sair logo da trilha, este jipe saiu do rumo e quase tomba

Um bando de engenheiros preparando o salvamento


E acabaram  virando o bicho de vez


 Felizmente ninguém se feriu. Com pequenos amassados na lataria, resgatamos o  carro e seguimos viagem




Continuamos até encontrar o trator atolado















E a situação se inverteu - nós é que desatolamos o trator



Depois de muito esforço dos carros, fizemos o trenzinho (um puxando o outro) e conseguimos desatolar o trator


E pudemos finalmente sair da trilha, com muita fome, cansados, mas felizes (vai entender jipeiro) 

Estamos aguardando as chuvas de 2012 para  voltar a essa trilha