Distante 425 km de São Luís, a cidade de Barra do Corda (MA) é uma verdadeira ilha cercada de aldeias indígenas por todos os lados. Índios Guajajara, Kanela e Timbira circulam pela cidade diariamente, apesar da enorme discriminação da população local. Preconceito contra negros ou judeus é considerado politicamente incorreto, um verdadeiro acinte, mas contra índio "pode". Ficamos chocados diante de algumas situações que presenciamos e também com as histórias que ouvimos. Apesar desse sério problema desagradável, infeliz e imperdoável, a cidade em si oferece boa diversão para os amantes da natureza.
Barra do Corda é cortada por dois rios - o Mearim, mais caudaloso, e o delicioso Rio Corda com suas águas geladinhas e cristalinas. No Balneário Guajajara (sim, ironicamente o principal balneário da cidade tem nome indígena), localizado no centro, podemos ver o encontro dos dois rios, além de saborear peixes e outros pratos da culinária regional em seus inúmeros restaurantes. Ali também é o início/final de passeios ecológicos que podem ser feitos de lancha pelos rios ou flutuação em boias feitas de câmara de pneus, descendo pelo rio Corda.
Dicas:
Como chegar - saindo de São Luís pela BR 135, pegar a BR 226. Em Presidente Dutra, entrar à direita na segunda rotatória e seguir em frente.
Pousada do Rio Corda, às margens do rio. Av. JK, Sítio dos Ingleses. (99) 3643 2859 / 0474. Contato: Sr. Dorgival.
Pousada Barra do Corda. Av. Rio Amazonas, 122, Trezidela, ao lado do Posto Barra do Corda. (99) 3643 2841.
No Balneário Guajajara - Peixaria do Gomes.
Churrascaria Pacheco - a melhor carne de sol da região. Imperdível.
Casa das Massas de Dona Maninha (somente à noite).
Restaurante Mete-Mete, o melhor capão ao molho pardo da cidade.
Curiosidade (ou um pouco da história do Maranhão): A igreja matriz de Barra do Corda, localizada na praça central, possui em sua fachada fotos de padres e freiras chamados "os mártires" pela população. À época da colonização (ou melhor, do holocausto indígena brasileiro), a igreja católica implantou uma missão na região, decidida a catequizar e "salvar" as almas dos nativos indígenas. Diante da "indolência" dos adultos, resolveram investir nas crianças. As crianças passavam os dias na missão e voltavam às suas aldeias à noite, o que gerou um conflito óbvio entre as culturas. Dispostos a "salvar essas criaturinhas", os missionários decidiram que as crianças ficariam em regime de internato, sem contato com os pais e, consequentemente, sua própria cultura. Desnecessário ressaltar que fizeram isso na marra, sem autorização dos pais, sem negociações ou explicações. Muitas mulheres indígenas adoeceram com os seios cheios de leite. Sem falar na saudade dos filhos que arrasou as aldeias. Inconformados, os pais invadiram a missão e resgataram seus filhos. A igreja pediu reforço policial e um destacamento se deslocou de São Luís a Barra do Corda para auxiliar os missionários a "enfrentarem" os índios. Com extrema violência, tomaram as crianças de volta, bateram nas mulheres, incendiaram várias ocas, subjugaram aldeias inteiras, sequestrando as crianças e matando vários índios. Revoltados e culturalmente guerreiros, os índios, agora armados, invadiram novamente a missão para resgatar seus filhos e, para garantir que ninguém mais iria sequestrá-los novamente, assassinaram todos os padres e freiras. As fotos dos "mártires" missionários estão lá até hoje, fomentando o ódio aos índios "traiçoeiros". As vítimas indígenas não são lembradas, sequer citadas.
Balneário Guajajara
São inúmeros restaurantes localizados sob as árvores e que servem comida regional
No final, os rios. Aliás, os fundos dos restaurantes oferecem uma linda vista dos rios - Mearim à esquerda e Corda à direita
Encontro dos rios. À esquerda, o rio Mearim e suas águas turvas. À direita, as águas cristalinas do rio Corda.
Quem resiste a um forrozinho pé-de-serra?
Em pleno centro da cidade, no final de algumas ruas, encontramos vários pontos para banho e lavagem de roupas
Uma das praças centrais da cidade
Luiz com meus pais
Igreja do Calvário, no topo de um morro onde se pode ver a cidade toda. Levamos uma garrafa de vinho para degustar enquanto assistíamos a um por-do-sol belíssimo
"Crucificada" em frente à Igreja do Calvário
Subida para Igreja do Calvário, reproduzindo o calvário de Jesus em suas diversas paradas
Eita abraço gostoso esse...
A água do rio Corda é muito fria. O segredo é entrar de uma vez. Parece que o corpo acostuma mais rápido e a gente sofre menos. O banho é maravilhoso. O diabo é entrar...
Depois que entra, não quer sair. Meus pais "de molho" no rio. Esse trecho fica na Pousada do Rio Corda. Para nós, o melhor trecho para banho. E com serviço de bar e restaurante
Brincando na Associação do Banco do Brasil, onde fomos em companhia do amigo nativo Oziel, mais conhecido na cidade por "irmão" - ele é filho de pastor evangélico
Cachoeira dentro de uma das aldeias da tribo Guajajara
Achamos esse espaço excelente para um piquenique. Pedimos autorização ao cacique, que nos atendeu prontamente. Mas, infelizmente, choveu no dia seguinte praticamente o dia inteiro. Fica pra próxima
Se o piquenique tivesse dado certo, esta seria a paisagem
Essa "ponte" foi o único obstáculo encontrado no passeio pela aldeia. Bobagem.
Os índios estão construindo um barzinho para atrair turistas e garantir uma renda com a venda de bebidas e peixes grelhados ou assados na folha de bananeira. Prometemos voltar depois de inaugurado
Nossa, como fizemos planos para o tal piquenique. Uma pena...
Na pousada, em frente ao chalé, Luiz e sua imensa coragem de lavar o carro utilizando apenas uma garrafa pet
Tinha que registrar, senão ninguém acreditaria
No próximo semestre retornaremos à cidade para cumprir a promessa feita na aldeia, e aproveitar novamente a beleza do rio Corda e a culinária inesquecível de Barra do Corda
O banho no rio Corda é maravilhoso.
ResponderExcluirEstá cidade é uma ótima parada para quem esta indo para Carolina.
a historia ate que vai acalha mas as fotos dão vontade de banhar no rio
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