A Expedição Bahia, sonhada há anos e planejada durante semanas, durou 33 dias inesquecíveis. Não conhecemos o estado inteiro – o tempo era curto e tivemos que “rifar” alguns lugares, que serão visitados futuramente – mas agora temos uma ideia do que o tabuleiro da baiana tem: um litoral belíssimo, cidades históricas bem cuidadas, cultura popular riquíssima, uma culinária de sabores marcantes, natureza exuberante. Entramos no estado da Bahia pelo sertão (Juazeiro) e descemos até o litoral sul (Caravelas/Arquipélago de Abrolhos) e seguimos viagem pelo litoral até Mangue Seco, na divisa com Sergipe. Toda a expedição está sendo postada neste blog.
Faltava a Bahia para compor a Expedição Nordeste, que ainda não finalizamos, pois faltam algumas (poucas) cidades sertanejas e litorâneas, a Serra da Capivara (PI), o Vale do Cariri (CE) e o arquipélago de Fernando de Noronha (PE), para que possamos dizer que a Expedição foi completada. E como dissemos em postagens anteriores, estamos publicando, aos poucos, as viagens realizadas nos últimos 10 anos, alternando com as viagens mais recentes. Visitamos a Chapada em julho de 2007.
Faltava a Bahia para compor a Expedição Nordeste, que ainda não finalizamos, pois faltam algumas (poucas) cidades sertanejas e litorâneas, a Serra da Capivara (PI), o Vale do Cariri (CE) e o arquipélago de Fernando de Noronha (PE), para que possamos dizer que a Expedição foi completada. E como dissemos em postagens anteriores, estamos publicando, aos poucos, as viagens realizadas nos últimos 10 anos, alternando com as viagens mais recentes. Visitamos a Chapada em julho de 2007.
Como disse Caetano: a Bahia tem um jeito... E foi ao som de Terra, do CD Fina Estampa, com seu arranjo insuperável, que avistamos, emocionados, a Chapada Diamantina, um oásis no meio do sertão nordestino.
A criação e ocupação das vilas e cidades da Chapada é fruto direto da exploração do ouro (século 17) e, principalmente, do diamante (século 18) por bandeirantes paulistas e mineiros. No início do século 17 a região era pouco povoada e ainda comandada por índios. O ciclo da mineração durou até os primeiros anos do século 20, quando as jazidas começaram a se esgotar. A arquitetura colonial dos casarões que abrigaram os barões do diamante é um dos destaques do patrimônio histórico-cultural.
Entre uma cidade e outra encontramos uma infinidade de cachoeiras, grutas e cavernas (em uma delas ficamos a mais de 70 metros abaixo da superfície), poços de águas incrivelmente cristalinas dentro de algumas cavernas (o Poço Encantado é um lago de águas azuis de 60 metros de profundidade), paredão de orquídeas a 800 metros de altitude, cânyons com mais de 100 metros de altura, platôs, pinturas rupestres, rios, campos floridos, trilhas, cidades de pedra, ruínas, cemitério encravado nas rochas, corredeiras, vilarejos históricos e um por-do-sol espetacular visto de cima de um morro de mais de mil metros de altura. Dividimos a postagem por cidade ou vila visitada, começando por Lençóis, considerada a principal cidade da Chapada.
A criação e ocupação das vilas e cidades da Chapada é fruto direto da exploração do ouro (século 17) e, principalmente, do diamante (século 18) por bandeirantes paulistas e mineiros. No início do século 17 a região era pouco povoada e ainda comandada por índios. O ciclo da mineração durou até os primeiros anos do século 20, quando as jazidas começaram a se esgotar. A arquitetura colonial dos casarões que abrigaram os barões do diamante é um dos destaques do patrimônio histórico-cultural.
Saímos de São Luís de manhã cedo e fizemos o primeiro pernoite em Picos (PI). No dia seguinte partimos em direção à Petrolina (PE), onde ficamos o dia todo passeando pela cidade. Conhecemos o Bodódromo (que não serve mais carne de bode, somente carneiro), e almoçamos na feira da Areia Branca – ali sim, ainda é comercializada a deliciosa carne de bode cozida no leite de coco e temperada com nata de leite, na barraca da Irmã Marinalda. Maravilha!
Atravessamos a ponte que separa (ou une) Petrolina e a cidade de Juazeiro, e pisamos, enfim, em solo baiano, começando pelo interior. Segundo pernoite – Senhor do Bonfim. Saímos para lanchar e tomar uma cervejinha no principal ponto de encontro da cidade, a Praça Nova do Congresso (quiosque Point do Caldo, proprietário: Ná). Como a noite é friazinha, a cerveja foi imediatamente substituída por uma cachacinha e um caldo quente.
No dia seguinte, ansiosos, partimos logo depois do café rumo à Chapada Diamantina. Passamos (e fizemos rápidas paradas) por cidadezinhas muito simpáticas do sertão baiano, como Rui Barbosa e Macajuba (onde ganhamos uns coquinhos chamados ouricuri), e chegamos finalmente, em tempo para o almoço (uma deliciosa muqueca de tilápia), na cidade-portal de entrada da Chapada Diamantina – Lençóis.
A cidade de Lençóis dispõe de aeroporto e boa infraestrutura para receber visitantes. Oferece várias opções de caminhadas curtas ao redor da cidade: O Serrano, antigo garimpo onde se originou a cidade, é formado por rochas coloridas e grandes crateras que se transformam em píscinas naturais de hidromassagem; Cachoeirinha, com água cristalina e um pequeno poço excelente para banho; Cachoeira da Primavera (subindo entre os rochedos) possui um mirante com uma maravilhosa vista do vale; Cachoeira do Sossego, encravada em um canyon, tem uma trilha inesquecível feita boa parte pelo leito do rio; Ribeirão do Meio, onde as pessoas escorregam por um imenso tobogã natural.
Acho que já falamos demais. As fotos a seguir são uma pequena demonstração das belezas impressionantes da Chapada Diamantina. Conhecer a região da Chapada é mais que uma aventura – é a emoção de trilhar caminhos que fizeram a história no coração da Bahia.
Dicas:
Em Picos – Pousada Maravilha. Quarto completo s/ café da manhã. Pouso de caminhoneiros, organizado e limpo.
Em Petrolina – Barraca da Irmã Marinalva (sexta, sábado e domingo), Feira da Areia Branca. Petrolina ficou famosa pela fruticultura (possui diversas vinícolas e é a maior exportadora de frutas do país) e comercialização de carne de bode de todo jeito: cozida, assada, grelhada, sanduíche, pizza, espetinho, buchada, sarrabulho (ou sarapatel) de bode, churrasco de bode, etc. Hoje, o bode foi substituído pelo carneiro, que possui carne mais macia. No Bodódromo só vendem carne de carneiro, assim como nos bares e restaurantes da orla do Rio São Francisco. Se quiser saborear o tradicional bode, tem que ir à feira citada, onde nem todas as barracas servem a carne. Tivemos que procurar.
Em Senhor do Bonfim – Pousada Senhor do Bonfim. Simples, confortável e barata.
Em Lençóis - Pousada O Casarão, no centro. Proprietária: D. Maria. É um casarão muito bonito e bem conservado, lembrança dos tempos do diamante. Me chamou atenção uma belíssima sopeira de porcelana, e D. Maria nos mostrou então suas louças inglesas, herdadas da mãe e da avó. Nos contou ainda que as pedras de diamante eram guardadas até em potes de manteiga. A riqueza trazida pelos diamantes pode ser vista na arquitetura de época, assim como nos móveis e porcelanas que ainda são guardadas por algumas pessoas do lugar, como recordação dos tempos abastados da Chapada Diamantina.
Nunca se aventure sozinho pelas trilhas. Contrate os serviços de um condutor local e certifique-se de que ele esteja equipado p/ enfrentar situações de emergência. Tenha sempre no carro água e comida.
Em Lençóis - Pousada O Casarão, no centro. Proprietária: D. Maria. É um casarão muito bonito e bem conservado, lembrança dos tempos do diamante. Me chamou atenção uma belíssima sopeira de porcelana, e D. Maria nos mostrou então suas louças inglesas, herdadas da mãe e da avó. Nos contou ainda que as pedras de diamante eram guardadas até em potes de manteiga. A riqueza trazida pelos diamantes pode ser vista na arquitetura de época, assim como nos móveis e porcelanas que ainda são guardadas por algumas pessoas do lugar, como recordação dos tempos abastados da Chapada Diamantina.
Nunca se aventure sozinho pelas trilhas. Contrate os serviços de um condutor local e certifique-se de que ele esteja equipado p/ enfrentar situações de emergência. Tenha sempre no carro água e comida.
Almoçando bode cozido no leite de coco na feira da Areia Branca, em Petrolina. Barraca da Irmã Marinalva
Restaurante Flutuante em Petrolina, Rio São Francisco
Juazeiro vista de Petrolina
Rui Barbosa, sertão baiano. Um episódio surreal: saímos de Senhor do Bonfim e decidimos cortar caminho por uma estadual. A estrada era estreita, sem sinalização nem acostamento. O mato invadindo a pista e nenhum sinal de casa ou de gente. Parecia rota de tráfico ou cenário de filme de terror. De repente, um ônibus surge à nossa frente e decidimos ficar atrás dele, imaginando que o motorista conhecia a estrada. O motorista, percebendo que estava sendo seguido, nos deu passagem várias vezes, e nós, nada. Queríamos ficar atrás dele. Quando chegamos na primeira cidade, o ônibus parou e nós paramos também. O motorista, acompanhado de alguns passageiros, desceram e vieram em nossa direção. Nós também descemos, pra "esticar as pernas". Qual não foi nossa surpresa quando eles nos disseram que as pessoas no ônibus estavam em pânico, achando que éramos assaltantes! Quando os homens que desceram viram que éramos um casal fotografando a cidadezinha, tomando cerveja, decidiram se aproximar e contar que tínhamos assustado todo mundo. Rimos bastante, fomos até o ônibus nos apresentar e pedir desculpas pelo transtorno, e sossegar os passageiros. Pois é, um dia acharam que éramos bandidos perigosos.
Macajuba, ainda no caminho para Chapada Diamantina
Outro ângulo de Macajuba. Aqui, Luiz lavando as frutas que trouxemos de Petrolina
Ainda em Macajuba. Não é lindinha? As pessoas se aproximavam de nós, curiosas, e se danavam a conversar. Ganhamos até presentinhos
Lençóis, portal de entrada da Chapada. Esse prédio histórico foi restaurado e virou o mercado da cidade
Centro de Lençóis
O casarão amarelo é a nossa pousada
Lençóis parece até cidade cenográfica
Entrada do camping, que estava fechado para manutenção
Rio que corta a cidade e proporciona um banho delicioso. Há um trecho que dá pra descer escorregando (de bunda) nas lajes submersas
Adorei essa passarela
Escultura feita dos restos mortais de uma árvore
Famoso Beco da Zoada, onde encontramos vários bares, restaurantes e lojas. Outros locais da cidade onde podemos comer, fazer compras e nos divertir: Rua dos Negros, Rua da Baderna, Praça das Nagôs, Rua Pé da Ladeira...
Tomando absinto, espantando o friozinho trazido pela chuva
Boteco em Mucugezinho (4km de Lençóis), às margens do rio de mesmo nome, onde compramos com Lorinho artesanato (espelhos, porta-retratos) com molduras feitas de pedra de siltito. Nosso espelho enfeita uma das paredes da sala, e é elogiado por todo mundo que nos visita. Lindo e exótico
Rio Mucugezinho. Corre em alguns trechos sobre lajes, formando tobogãs e crateras, como o Poço do Diabo
Em Mucugezinho, quem quiser pode ter a experiência de dormir ou se hospedar numa caverna. É o que faremos na próxima visita à Chapada
Poço do Diabo, onde o banho e o mergulho são indescritíveis
Descida do Poço do Diabo
No Poço do Diabo temos ainda a opção da tirolesa. Delícia
Trecho da trilha que nos leva ao Poço. Linda e tranquila
As paisagens da Chapada Diamantina dispensam comentários
E isso foi só o começo. Aguarde as próximas postagens durante a semana
Para praticantes de rappel (distâncias a partir de Lençóis)
●Poço do Diabo – rappel 22m; tirolesa – altura 18m, comp. 70m; 20km de carro + 20’ de caminhada
●Gruta da Torrinha – rappel 65m; 70km de carro
●Morro do Pai Inácio – rappel 150m; 30km de carro + 30’ de caminhada
●Serra dos Brejões – rappel 170m; 30km de carro + 2 horas de caminhada
●Cachoeira do Buracão – rappel 98m; 260km de carro + 1 hora de caminhada
●Gruta do Lapão – rappel 48m; 1 hora de caminhada (maior gruta de quartzo do Brasil)
●Cachoeira do Mosquito – rappel 50m; 60km de carro + 30’ de caminhada