A vila de Jericoacoara, assim como vários outros locais no nordeste do Brasil, foi descoberta por “bicho-grilos” há algumas décadas. Com o passar dos anos, a antiga e bucólica vilazinha de pescadores transformou-se em badalado espaço turístico internacional. Mas ao contrário de Canoa Quebrada (CE) ou Pipa (RN), Jeri – como é carinhosamente chamada – não perdeu seu encanto.
Existem 2 formas de se chegar a Jericoacoara: 1) por Jijoca de Jericoacoara (23km) – se estiver de carro sem tração, deixe num estacionamento. Você pode seguir para Jeri em jardineiras da Viação Redenção, que saem da praça da matriz e são bem baratinhas, ou em caminhonetes, ou ainda em bugues. 2) por Camocim (87km) – atravessa o rio Coreaú de balsa em carro próprio (com tração, claro) ou em bugues. Fizemos os dois percursos. Nossa sugestão? Por Camocim, óbvio. A viagem é cinematográfica. Você vai precisar de um guia, infelizmente. Muito cuidado com eles, pois não são confiáveis. São irresponsáveis e exploradores – e são famosos por isso. (Associação de Bugueiros de Camocim – ABUCAM, av. Beira Mar, perto da balsa). No início deste ano, durante o Carnaval, o guia custava 60,00.
No centro de Camocim, abastecer o carro e os bolsos, pois em Jeri não tem posto de combustível nem banco. Não contar em utilizar cartões de crédito – também não são aceitos, salvo em lugares caríssimos, onde certamente não tivemos a cara de pau de entrar. Se quiser levar talão de cheques – bobagem, ninguém recebe.
Atravessamos o rio Coreaú até a Ilha do Amor / Praia das Imburanas numa balsa para 3 ou 4 carros (travessia de carro 20 reais – valores de março/2011). Baixamos os pneus e seguimos viagem pela beira da praia, e um trecho de mangue (lindíssimo). No povoado Guriú pega-se outra balsa, onde só cabe 1 carro e a travessia é no braço (também 20 reais). Se precisar de gelo, sugerimos comprar na vila de Guriú (2,00 a barra).
Visitamos rapidamente a vila de Tatajuba, e conhecemos a Lagoa do Funil e o Laguinho da Torta (tema de outra postagem deste blog - ver Acampamento Carnaval 2011), onde existem várias barracas com cardápio vivo – peixe, camarão e lagosta, mas os preços não são muito atrativos. Na vila da Torta, lado oposto às barracas, existe um restaurantezinho muito simpático, na beira da lagoa, que serve refeição (5,00) – “um senhor” prato de peixe frito com acompanhamentos.
Pegamos novamente a trilha pelo meio das dunas e chegamos na famosíssima Jericoacoara em aproximadamente meia hora. A vila é Área de Proteção Ambiental e a região foi transformada em Parque Nacional. Apesar do turismo internacional intenso, a vila não perdeu seu charme. Ruas de areia e construções no estilo rústico-chique, a vila não tem iluminação pública. Jericoacoara é TUDO!!
Em Jeri, contrata-se um guia para conhecer as praias mais distantes, como a do Preá, e lagoas, como a lagoa Azul e a Paraíso (esta em Jijoca – tudo trilha 4x4 por entre as dunas). O passeio até Pedra Furada é feito a pé. Mas não se iludam, o sol se posiciona no furo da pedra somente em julho. Mas é uma caminhada lindíssima. Com ou sem por-do-sol, vale a pena conhecer. O lugar é impagável.
O caminho para esses atrativos são fáceis, para quem quiser se aventurar sem o guia. Como diz o velho e sábio ditado – quem tem boca vai a Roma. Nós fomos em companhia de guia somente na primeira vez. Depois, nunca mais.
Jericoacoara é o único local no Brasil (dizem) onde o sol se põe no mar, e podemos assistir ao por do sol do alto da Duna do Por do Sol. A noite é agitada: bares e restaurantes, dos chiques aos alternativos, e festas badaladas que entram pela madrugada, com músicas para todos os gostos. Eventualmente acontecem luaus na praia. Deixe o carro na pousada – em Jeri se anda a pé.
Todos já ouviram falar que a vila de Jericoacoara é um lugar lindo e caro. É verdade. Mas existem opções mais baratas, restaurantes que servem refeição tipo executivo e PF (sugerimos o Restaurante Tempero da Terra). Não são só os endinheirados que freqüentam Jeri. Há os mochileiros lisos, os hippies, e nós!
E por falar em fome, é obrigatório fazer uma visitinha à “padaria da madrugada”. Infelizmente não estamos conseguindo lembrar o nome. Bastante peculiar, ela abre as portas no meio da madrugada e fecha depois que o dia amanhece, ao contrário de todas as outras que conhecemos.
Deu pra perceber que desta vez não repassamos endereços exatos. É que a vila de Jericoacoara é minúscula, todo mundo sabe onde fica tudo, é só perguntar. A maioria dos estabelecimentos nem tem número à mostra.
Durante o dia, experimente a famosa torta de banana de Jeri – é vendida nas ruas, em pequenos pedaços. À noite, há diversas barraquinhas ou carrinhos vendendo drink’s na descida da praia – experimente o “capeta” do Dantas.
É difícil falar de Jericoacoara sem entusiasmo e saudade. Quem for, não vai se arrepender. Garantimos.
Dicas:
Ponta Mar Jeri Pousada. Rua São Francisco, fone (88) 3669 2249
Pousada Estrela D’Alva. Rua São Francisco, fone (88) 3669 2327
Existem 2 campings, quase sempre lotados. Mas não foi por isso que nunca ficamos em nenhum deles. Sempre fomos a Jeri entre janeiro e março. O desconforto de acampar nesse período é a possibilidade de chuva, que não deve ser descartada.
Deixando Camocim. Atravessamos o Rio Coreaú em pequenas balsas em direção à Ilha do Amor. Na foto, nossa companheira de viagem Carla Serejo
A travessia dura entre 5 e 10 minutos, dependendo da maré
Segunda travessia de balsa. A balsa diminuiu e o percurso aumentou. Travessia sobre o Rio Guriú
A travessia é feita com a força dos braços, um carro de cada vez
Vila de Guriú. Fizemos uma paradinha relâmpago, somente para comprar gelo
Selecionamos alguns trechos do percurso entre Camocim e Jericoacoara
A paisagem era de tirar o fôlego
Chamamos essa foto de "a força do vento". A pequena árvore envergou toda
Lagoa do Funil. Paradinha para o merecido descanso do piloto
Nos aproximando da vila de Jericoacoara
Enfim, Jericoacoara
Os estabelecimentos comerciais - lojas, restaurantes, lanchonetes, pousadas - foram construídos num estilo bem peculiar
Só esperando a caipirinha com espetinho de camarão
Apaixonados por uma boa trilha, não poderíamos deixar de dar um giro nos arredores de Jeri
A grande diferença entre as dunas do Parque Nacional de Jericoacoara e o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, é que as areias no Maranhão são muito mais fofas, já afundamos os 4 pneus (sufoco!). Aqui é bem mais durinha. "Brincamos" com tranquilidade
Lagoa Azul. Banho obrigatório
Continuamos a trilha em busca de outra lagoa, em Jijoca de Jericoacoara
Lagoa Paraíso, em Jijoca. Aqui as pessoas brincam de jet ski, caiaque, etc. Em seu entorno encontramos diversos restaurantes e pousadas
Igreja matriz de Jijoca de Jericoacoara
Praia do Preá. Os ventos fortes a transformaram no paraíso do kite surf. Preá também é uma vila de pescadores, e a praia é bem mais tranquila que a de Jericoacoara. E os preços nos restaurantes (mais simples) são bem mais simpáticos
Luiz e Carla subindo a Duna do Por do Sol
Momentos antes do por do sol, uma pequena multidão sobe a duna. Parece até que vai acontecer um contato imediato de 3ºgrau
Jeri vista do alto da duna
Namorando num restaurante japonês. Cirana é maluca por comida japonesa. Tivemos que entrar para matar o desejo
Numa das noites, desabou uma chuva bíblica enquanto estávamos a caminho de uma festa de reggae. "Invadimos" a casa desta família, onde a dona da casa, Branca, havia montado um pequeno e singelo bar. A chuva passou e permanecemos tomando cerveja, ouvindo música das décadas de 70 e 80, e batendo papo com Branca e sua família. A festa foi cancelada por causa do dilúvio. No dia seguinte, havia uma placa: "FESTA HOJE, MESMO QUE CHOVA CANIVETE"
Voltando pra casa. Pegamos a mesma trilha de volta para Camocim
Visitamos Jericoacoara por 4 vezes. Citando a cantora Têca Calazans: "a saudade abre um caminho pra voltar". Claro que voltaremos