quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Jericoacoara

A vila de Jericoacoara, assim como vários outros locais no nordeste do Brasil, foi descoberta por “bicho-grilos” há algumas décadas. Com o passar dos anos, a antiga e bucólica vilazinha de pescadores transformou-se em badalado espaço turístico internacional. Mas ao contrário de Canoa Quebrada (CE) ou Pipa (RN), Jeri – como é carinhosamente chamada – não perdeu seu encanto.

Existem 2 formas de se chegar a Jericoacoara: 1) por Jijoca de Jericoacoara (23km) – se estiver de carro sem tração, deixe num estacionamento. Você pode seguir para Jeri em jardineiras da Viação Redenção, que saem da praça da matriz e são bem baratinhas, ou em caminhonetes, ou ainda em bugues. 2) por Camocim (87km) – atravessa o rio Coreaú de balsa em carro próprio (com tração, claro) ou em bugues. Fizemos os dois percursos. Nossa sugestão? Por Camocim, óbvio. A viagem é cinematográfica. Você vai precisar de um guia, infelizmente. Muito cuidado com eles, pois não são confiáveis. São  irresponsáveis e exploradores – e são famosos por isso. (Associação de Bugueiros de Camocim – ABUCAM, av. Beira Mar, perto da balsa). No início deste ano, durante o Carnaval, o guia custava 60,00.

No centro de Camocim, abastecer o carro e os bolsos, pois em Jeri não tem posto de combustível nem banco. Não contar em utilizar cartões de crédito – também não são aceitos, salvo em lugares caríssimos, onde certamente não tivemos a cara de pau de entrar. Se quiser levar talão de cheques – bobagem, ninguém recebe.

Atravessamos o rio Coreaú até a Ilha do Amor / Praia das Imburanas numa balsa para 3 ou 4 carros (travessia de carro 20 reais – valores de março/2011).  Baixamos os pneus e seguimos viagem pela beira da praia, e um trecho de mangue (lindíssimo). No povoado Guriú pega-se outra balsa, onde só cabe 1 carro e a travessia é no braço (também 20 reais). Se precisar de gelo, sugerimos comprar na vila de Guriú (2,00 a barra).

Visitamos rapidamente a vila de Tatajuba, e conhecemos a Lagoa do Funil e o Laguinho da Torta (tema de outra postagem deste blog - ver Acampamento Carnaval 2011), onde existem várias barracas com cardápio vivo – peixe, camarão e lagosta, mas os preços não são muito atrativos. Na vila da Torta, lado oposto às barracas, existe um restaurantezinho muito simpático, na beira da lagoa, que serve refeição (5,00) –  “um senhor” prato de peixe frito com acompanhamentos.

Pegamos novamente a trilha pelo meio das dunas e chegamos na famosíssima Jericoacoara em aproximadamente meia hora. A vila é Área de Proteção Ambiental e a região foi transformada em Parque Nacional. Apesar do turismo internacional intenso, a vila não perdeu seu charme. Ruas de areia e construções no estilo rústico-chique, a vila não tem iluminação pública. Jericoacoara é TUDO!!

Em Jeri, contrata-se um guia para conhecer as praias mais distantes, como a do Preá, e lagoas, como a lagoa Azul e a Paraíso (esta em Jijoca – tudo trilha 4x4 por entre as dunas). O passeio até Pedra Furada é feito a pé. Mas não se iludam, o sol se posiciona no furo da pedra somente em julho. Mas é uma caminhada lindíssima. Com ou sem por-do-sol, vale a pena conhecer. O lugar é impagável.

O caminho para esses atrativos são fáceis, para quem quiser se aventurar sem o guia. Como diz o velho e sábio ditado – quem tem boca vai a Roma. Nós fomos em companhia de guia somente na primeira vez. Depois, nunca mais.

Jericoacoara é o único local no Brasil (dizem) onde o sol se põe no mar, e podemos assistir ao por do sol do alto da Duna do Por do Sol. A noite é agitada: bares e restaurantes, dos chiques aos alternativos, e festas badaladas que entram pela madrugada, com músicas para todos os gostos. Eventualmente acontecem luaus na praia. Deixe o carro na pousada – em Jeri se anda a pé.

Todos já ouviram falar que a vila de Jericoacoara é um lugar lindo e caro. É verdade. Mas existem opções mais baratas, restaurantes que servem refeição tipo executivo e PF (sugerimos o Restaurante Tempero da Terra). Não são só os endinheirados que freqüentam Jeri. Há os mochileiros lisos, os hippies, e nós!

E por falar em fome, é obrigatório fazer uma visitinha à “padaria da madrugada”. Infelizmente não estamos conseguindo lembrar o nome. Bastante peculiar, ela abre as portas no meio da madrugada e fecha depois que o dia amanhece, ao contrário de todas as outras que conhecemos.

Deu pra perceber que desta vez não repassamos endereços exatos. É que a vila de Jericoacoara é minúscula, todo mundo sabe onde fica tudo, é só perguntar. A maioria dos estabelecimentos nem tem número à mostra.

Durante o dia, experimente a famosa torta de banana de Jeri – é vendida nas ruas, em pequenos pedaços. À noite, há diversas barraquinhas ou carrinhos vendendo drink’s na descida da praia – experimente o “capeta” do Dantas.

É difícil falar de Jericoacoara sem entusiasmo e saudade. Quem for, não vai se arrepender. Garantimos.

Dicas:
Ponta Mar Jeri Pousada. Rua São Francisco, fone (88) 3669 2249
Pousada Estrela D’Alva. Rua São Francisco, fone (88) 3669 2327
Existem 2 campings, quase sempre lotados. Mas não foi por isso que nunca ficamos em nenhum deles. Sempre fomos a Jeri entre janeiro e março. O desconforto de acampar nesse período é a possibilidade de chuva, que não deve ser descartada.


Deixando Camocim. Atravessamos o Rio Coreaú em pequenas balsas em direção à Ilha do Amor. Na foto, nossa companheira de viagem Carla Serejo


A travessia dura entre 5 e 10 minutos, dependendo da maré


Segunda travessia de balsa. A balsa diminuiu e o percurso aumentou. Travessia sobre o Rio Guriú


A travessia é feita com a força dos braços, um carro de cada vez


Vila de Guriú. Fizemos uma paradinha relâmpago, somente para comprar gelo


Selecionamos alguns trechos do percurso entre Camocim e Jericoacoara


A paisagem era de tirar o fôlego







Chamamos essa foto de "a força do vento". A pequena árvore envergou toda


Lagoa do Funil. Paradinha para o merecido descanso do piloto


Nos aproximando da vila de Jericoacoara



Enfim, Jericoacoara



Os estabelecimentos comerciais - lojas, restaurantes, lanchonetes, pousadas - foram construídos num estilo bem peculiar


Só esperando a caipirinha com espetinho de camarão



Apaixonados por uma boa trilha, não poderíamos deixar de dar um giro nos arredores de Jeri





A grande diferença entre as dunas do Parque Nacional de Jericoacoara e o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, é que as areias no Maranhão são muito mais fofas, já afundamos os 4 pneus (sufoco!). Aqui é bem mais durinha. "Brincamos" com tranquilidade



Lagoa Azul. Banho obrigatório


Continuamos a trilha em busca de outra lagoa, em Jijoca de Jericoacoara



Lagoa Paraíso, em Jijoca. Aqui as pessoas brincam de jet ski, caiaque, etc. Em seu entorno encontramos diversos restaurantes e pousadas


Igreja matriz de Jijoca de Jericoacoara


Praia do Preá. Os ventos fortes a transformaram no paraíso do kite surf. Preá também é uma vila de pescadores, e a praia é bem mais tranquila que a de Jericoacoara. E os preços nos restaurantes (mais simples) são bem mais simpáticos


Luiz e Carla subindo a Duna do Por do Sol


Momentos antes do por do sol, uma pequena multidão sobe a duna. Parece até que vai acontecer um contato imediato de 3ºgrau

Jeri vista do alto da duna


Namorando num restaurante japonês. Cirana é maluca por comida japonesa. Tivemos que entrar para matar o desejo


Numa das noites, desabou uma chuva bíblica enquanto estávamos a caminho de uma festa de reggae. "Invadimos" a casa desta família, onde a dona da casa, Branca, havia montado um pequeno e singelo bar. A chuva passou e permanecemos tomando cerveja, ouvindo música das décadas de 70 e 80, e batendo papo com Branca e sua família. A festa foi cancelada por causa do dilúvio. No dia seguinte, havia uma placa: "FESTA HOJE, MESMO QUE CHOVA CANIVETE"




Voltando pra casa. Pegamos a mesma trilha de volta para Camocim




Visitamos Jericoacoara por 4 vezes. Citando a cantora Têca Calazans: "a saudade abre um caminho pra voltar". Claro que voltaremos

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Mosqueiro

A ilha fluvial de Mosqueiro - ou Moscou, para alguns - fica a 80km de Belém, e é o seu balneário mais famoso. Dependendo do trânsito, você consegue fazer o percurso em uma hora e meia (de carro). O pico da efervescência é o mês de julho, quando a pacata e tranquila ilha transforma-se num inferno: multidão, congestionamento, shows de músicas terríveis na praia, música altíssima em qualquer lugar pra onde a gente se vire. Se eu tivesse conhecido Moscou no mês de julho, certamente jamais teria retornado lá. Mas tive o imenso prazer de visitá-la em períodos tranquilos, quando a vila está calma, e podemos curtir suas praias de águas doces e mornas sossegadamente.

No finalzinho da tarde é imperdível saborear cuscuz, beijú (ou tapioquinha) e diversos tipos de bolos caseiros nas barracas da praça central da vila, onde podemos ainda comprar artesanato e curtir um pouco da tranquilidade da ilha de Mosqueiro. Em algumas noites acontecem manifestações artísticas e eventos culturais interessantes. E as pessoas levam suas cadeiras de casa e ficam "acampadas" na praça, assistindo à movimentação.

Quem aprecia a tranquilidade de uma vilazinha de interior, bucólica e bem cuidada, não pode deixar de visitar a ilha de Mosqueiro. E quem gosta de badalação e azaração, festas e shows durante o dia e a noite toda, deve visitar esse pequeno paraíso em julho.

Dicas:
Em Belém, pegue a av. Almirante Barroso até a BR-316 e siga em frente. Em Benevides, dobre à esquerda p/ Mosqueiro (existe placa indicando) e siga direto. Você vai passar por diversos restaurantes interessantes. Na entrada da ponte que liga a ilha ao continente, várias barracas vendem camarão pré-cozido DELICIOSO.

Por fazer parte do distrito de Belém, você pode pegar um ônibus urbano p/ Mosqueiro (passagem 2,00) na praça em frente ao Terminal Rodoviário, no bairro de São Brás. Se preferir um ônibus mais confortável (estilo interestadual), embarque no Terminal Rodoviário.


Uma das inúmeras praias da ilha


Outra praia. Mosqueiro possui 18 praias de rio. As mais badaladas são a do Farol, Chapéu Virado, Murubira e a do Bispo. Todas com barracas vendendo comida e bebida


Barraca do Almeida, na praia do Farol


Outro ângulo da barraca. As barracas das praias são padronizadas


Peixe e camarão são as estrelas das inúmeras barracas das praias. E os preços são bem acessíveis

Praia do Farol na maré baixa. É impressionante a altura das ondas que se formam na maré alta. A galera aproveita para surfar


Cena impossível durante o mês de julho


Um trecho da orla da vila


Bar do seu Brito, onde podemos encontrar pérolas da MPB - em vinil. Quase não saímos mais do bar


Área das barracas da praça central da vila, onde podemos fazer um lanchinho bem regional nos finais de tarde


Esperando beijú amanteigado e recheado. Um verdadeiro maná dos deuses