Mais um pedacinho de paraíso na região dos Lençóis Maranhenses. Com 5 km de extensão e 800 m na parte mais larga, a Lagoa do Cassó (povoado do Cassó, município de Primeira Cruz (ver postagem Primeira Cruz / Travosa), 207 km de São Luís) é um lugar bucólico e pouco visitado.
De águas mornas, límpidas e tranquilas, na época da cheia a lagoa atinge até 20 m de profundidade, atravessa o sangradouro e desemboca no rio Preguiças (ver postagem Barreirinhas). Cercada de mata nativa, é ideal para banho, para a prática de mergulho e windsurf, passeios de caiaque e canoa (é proibida a utilização de veículos a motor na lagoa). O povo simples do Cassó vive, em sua maioria, da pesca, da agricultura familiar e do extrativismo.
Mas que nome é esse - Cassó? Segundo uma estória contada de geração a geração, já havia terminado, enfim, o período de violência que assolou o leste maranhense, coordenada pelo sanguinário e então militar Caxias, que reprimiu cruel e duramente a revolta popular da Balaiada, e que mais tarde foi condecorado por este feito com o título de Duque de Caxias. Dentre os sobreviventes, restou um preto velho, possivelmente escravo ou ex-escravo, encontrado na região do Cassó em um velho tijupá (cabana / palhoça que serve de abrigo temporário aos trabalhadores de roças e seringais). Quando perguntado com quem ele vivia ali em situação de abandono e isolamento, ele respondeu em português arcaico: - Estou eu cá só!
Vale muito a pena conhecer. MESMO!
Dicas:
Como chegar: de São Luís, pegar a BR-135 até Bacabeira (60 km). Entrar à esquerda sentido Barreirinhas (existe placa indicativa) até o povoado Sangue (197 km, MA-402), ponto de apoio para quem vai para a cidade de Santo Amaro, outro paraíso dos Lençóis (ver postagem Santo Amaro). O acesso até o Cassó (20 km) é feito exclusivamente de carro 4X4. Você pode deixar seu carro, caso não seja apropriado para encarar uma trilha de areia fina e fofa, nas casas dos moradores do Sangue, pagando uma pequena diária aos proprietários. Depois, é seguir em Toyotas Bandeirante que fazem o trajeto rumo ao Cassó diariamente. Para quem não tem ou não quer ir de carro, basta pegar uma van em São Luís, próximo à rotatória do aeroporto, rumo a Humberto de Campos (ver postagem) ou Barreirinhas, e pedir para descer no Sangue.
Quando estivemos no Cassó, ficamos hospedados na casa de um amigo. Hoje, esse amigo está concluindo a construção de uma pousada às margens da lagoa. Portanto, sugerimos procurar a pousada de propriedade de Antônio Júnior. Existe também a alternativa de acampar (são diversos pontos interessantes p/ armar barraca), considerando a tranquilidade do povoado.
Parada no Sangue para formar o comboio, baixar os pneus e entrar na trilha. O passeio foi em companhia de algumas pessoas do Jipe Clube de São Luís
São 20 km de trilha de areia fina
A maioria do trajeto, vale ressaltar, é de areia fofa
Parada para socorrer um dos jipeiros - o motor do carro "ferveu"
Foi apenas um susto, resultado de pequeno descuido. Problema resolvido, seguimos viagem
Povoado Cassó
Igreja de São Francisco de Assis
Casa de Júnior, onde nos hospedamos (na verdade, onde armamos nossas barracas)
A casa fica às margens da lagoa. O churrasco rolava solto durante o dia e a farra entrou pela madrugada
Fotos tiradas de uma lancha. Hoje é proibido o uso de motor na lagoa
O entardecer na Lagoa do Cassó
Dia seguinte
Presença marcante de buritizais
Em frente à casa de Júnior
Café da manhã na varanda
Um passeio pelo povoado
O povoado tem aproximadamente 600 moradores
A radiola de reggae não poderia faltar
O bar visto do quiosque
Churrasqueira do quiosque para quem quiser assar uma carne ou peixe
Ficamos um tempo no bar batendo papo com os nativos
O passeio foi chamado de Trilha Escolar da Lagoa do Cassó, organizada pelo Jipe Clube de São Luís. Distribuímos material escolar e esportivo à escola do povoado. No dia seguinte à nossa chegada, reagrupamos novamente o comboio e nos dirigimos à escola, que possuía 128 alunos (2008)
Luiz ajudando a descarregar os carros. Foram distribuídos 150 cadernos, 16 caixas de livros didáticos e paradidáticos, 200 lápis, papel com e sem pauta, réguas, borrachas, apontadores de lápis, tabuadas, lápis de cor, jogos educativos, bolas de futebol, vôlei, basquete e futsal
No momento da distribuição, Júnior encarnou o Zé Bonitinho e divertiu as crianças
O próximo passeio ao Cassó já está agendado. Estamos ansiosos para retornar a esse paraíso escondido em meio aos Lençóis