domingo, 30 de dezembro de 2012

Aracaju

Após um longo período de ausência, voltamos a publicar em nosso abandonado blog. De malas prontas para a próxima viagem, vamos primeiro finalizar as postagens dos passeios que fizemos nas férias de julho e que deixamos pendentes - Aracaju, os cânyons do Rio São Francisco (Xingó), Piranhas e a feira de Caruaru. Durante o mês de janeiro estaremos na estrada visitando as cidades de Tianguá e Viçosa do Ceará, na serra de Ibiapaba, e também algumas praias cearenses, passando ainda por Touros e São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte, e finalizando com João Pessoa e a praia naturista de Tambaba, na Paraíba. Obviamente tudo estará postado em breve, com fotos e dicas de passeios para aqueles que acompanham nosso singelo bloguito.

Agora, vamos falar da simpática Aracaju, capital de Sergipe.

Visitando pela segunda vez, a cidade nos pareceu mais atraente na primeira visita (2004). Talvez pelo fato de deixar Penedo (AL) ainda querendo ficar, ou talvez pela grande expectativa do destino seguinte, os cânyons do São Francisco, passeio quase realizado por duas frustradas vezes anteriores. O curioso foi que saímos de Aracaju da primeira vez apaixonados pela cidade, prometendo voltar e declarando aos quatro ventos que, se surgisse oportunidade, até poderíamos nos mudar pra lá. Agora, quase nada nos prendeu a atenção e a paixão murchou quase completamente. Mas essa estranha mudança de sentimentos não tira a beleza da cidade, famosa por sua qualidade de vida. 

As melhores praias estão um pouco distantes da capital (o estado é tão pequeno que nada pode ser chamado realmente de "distante"), e existem ainda as cidades históricas de São Cristóvão e Laranjeiras, há uns 20km de Aracaju. O tempo ficando apertado (ficamos em Penedo e em São Miguel dos Milagres um dia a mais que o planejado) e uma chuvinha antipática inviabilizaram nossa ida a São Cristóvão, a quarta cidade mais antiga do Brasil, primeira capital da província de Sergipe. Mas registramos nossa passagem pela bucólica Laranjeiras.

As principais atrações de Aracaju estão na orla da praia de Atalaia, mas o local que curtimos de verdade está às margens do Rio Sergipe - o Mercado Municipal de Aracaju. As comidas, a música, o artesanato, tudo era a perfeita tradução da cultura arretada do Nordeste. Ficamos quase o dia inteiro. E no final da tarde, por-do-sol com forrozinho pé-de-serra.

Praia de Atalaia que nada. A grande pedida é o Mercado Municipal. Oxente!

Dica: Pousada Águas Douradas. Rua Vereador Joaquim Maurício Cardoso filho, 250, Coroa do Meio (antiga Delmiro Gouveia). contato: (79) 3255 1216

Deixamos Penedo de balsa, atravessando o rio São Francisco, e tão logo pisamos em solo sergipano, achamos interessante uma vila chamada Povoado de Passagem, com suas construções brancas e azuis - o que nos deixou curiosos - e decidimos fazer uma paradinha rápida


Conversando com alguns moradores, soubemos que a Vila Operária de Passagem pertence à Indústria Têxtil Peixoto Gonçalves S/A, que aluga as casas somente aos funcionários da fábrica por um preço bem abaixo do mercado
A vila possui igreja, escola, posto de saúde, serviço bancário... Infraestrutura básica de uma pequena cidade


Parada seguinte: a cidade histórica de Laranjeiras, 23km de Aracaju (BR 101)







Laranjeiras foi o berço da economia da província
Laranjeiras ainda preserva seus antigos casarões, frutos de uma época na qual a cidade, no auge do ciclo canavieiro, foi chamada de 'Atenas Sergipana', com seus gabinetes de leitura, clubes de teatro e jornais
Prédio onde funciona a Câmara Municipal
Universidade Federal de Sergipe, Campus de Laranjeiras

Após a tradicional cervejinha geladíssima neste convidativo boteco (parte deste "convidativo" foi o sol de matar), nos despedimos de Laranjeiras
Enfim, Aracaju
A cidade é limpa e as avenidas são arborizadas - pelo menos por onde passamos
Área de lazer em Atalaia, praia urbana "destinada" aos turistas que visitam Aracaju. Aqui encontramos o oceanário, o centro de cultura, comércio de artesanato, pedalinhos, bares, lanchonetes, restaurantes...
...e vários hotéis
Centro de Cultura e Arte J. Inácio, onde é comercializado o artesanato local. Muito caro. Peças semelhantes (senão idênticas) são encontradas no Mercado Municipal com preços bem mais simpáticos
O telhado do oceanário, administrado pelo Projeto TAMAR (proteção das tartarugas marinhas), possui o formato de uma imensa tartaruga
Entrada do oceanário, onde nos despedimos das fotos. É proibido fotografar a área interna, onde existem diversos exemplares da vida marinha, incluindo tartarugas, tubarões e até uma baleia
Mercado Municipal de Aracaju, em frente ao Rio Sergipe
Passamos o dia inteiro no Mercado. Comida típica, cerveja gelada, forró pé-de-serra, uma variedade de artesanato em cerâmica, couro, palha, além de frutas da região, plantas medicinais, flores. O Mercado de Aracaju é O LUGAR!
Parte superior do mercado, onde a visão do por-do-sol sobre o rio Sergipe é uma atração à parte. Para quem visitar Aracaju, nossa dica - se é que ainda precisa ser dito - é visitar o Mercado Municipal, sempre seguindo a avenida da orla em direção ao centro

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Penedo

Localizada no extremo sul de Alagoas, distante 160 km de Maceió, a cidade de Penedo foi erguida, no século XVI, sobre um rochedo às margens do Rio São Francisco, e é considerada uma das mais bonitas e antigas cidades históricas brasileiras. Também chamada de “Ouro Preto do Nordeste” – referência à cidade histórica mineira – Penedo impressiona pelo seu rico patrimônio histórico-cultural formado por igrejas e sobrados do século XVII e XVIII , transformando o passeio pelo centro histórico da cidade numa verdadeira viagem ao Brasil Colonial.

As marcas dos colonizadores portugueses, holandeses e dos missionários franciscanos estão no belíssimo acervo arquitetônico, que colocou a cidade como um dos sete destinos turísticos pelo Fórum Mundial de Turismo (2005) do Movimento Brasil de Turismo e Cultura (MBTC).

A maior festa das cidades ribeirinhas do Rio São Francisco, o festejo de Bom Jesus dos Navegantes, atrai milhares de pessoas à cidade e fomenta a economia local. Parques infantis, brincadeiras diversas, como corrida de canoa e de jerico, palcos para apresentação de shows, camarotes e tendas eletrônicas são montados para aguardar romeiros e turistas, todos os anos. É o maior evento daquela região, e acontece tradicionalmente no segundo domingo de janeiro, desde 1884.

Penedo já serviu de cenário para novelas, filmes e documentários. Possivelmente as fotos explicam por quê.

Dicas:
Pousada Colonial. Praça 12 de Abril, 21, ou Largo Imperial da Corrente, no Centro Histórico, tendo a Igreja Nossa Senhora da Corrente e o Paço Imperial, de um lado, e o Centro de Artesanato, do outro. Além de estar localizada de frente para o Rio São Francisco. Contato (82) 3551 2355 / 3551 6767.

Restaurante Forte Maurício de Nassau, ao lado da Casa da Aposentadoria e antiga Cadeia Pública, e em frente ao Oratório dos Condenados. Proprietário: seu Gustavo. Serve muqueca de jacaré, deliciosa. Seu Gustavo aprecia a boa música, e o restaurante nos presenteia com o belíssimo por-do-sol sobre o rio São Francisco. Lugar super agradável pela beleza, tranquilidade e a simpatia dos proprietários. Recomendamos.

Podemos também pegar um barco no atracadouro e fazer um belo passeio descendo o rio, visitando a Praia do Peba, em Piaçabuçu, e a Foz do São Francisco, outro paraíso.



Estátua na entrada da cidade (AL 225) em homenagem a maior celebração religiosa da região do Baixo São Francisco e que mobiliza a cidade de Penedo, o festejo de Bom Jesus dos Navegantes


As casas e os palacetes de Penedo nos fazem voltar no tempo




Casa de Aposentadoria Nova (atual prefeitura), sobrado construído no século XVIII, e que abria suas portas somente quando chegavam os Ouvidores (juízes indicados pelos donatários)



Cadeia Pública, concluída em 1664, foi a primeira cadeia de Alagoas. Edificada na rocha, com um grande despenhadeiro para evitar fugas. Anos depois foi ampliada para abrigar a Casa de Aposentadoria.
Casa de Aposentadoria Velha, construída para servir de hospedagem aos Ouvidores, mas não serviu para o que foi destinada. O Paço da Câmara Municipal passou a funcionar ali e foi construído outro sobrado (atual Prefeitura) para hospedar os Ouvidores – a Casa de Aposentadoria Nova








Convento Franciscano e Igreja de Santa Maria dos Anjos





Igreja de São Gonçalo Garcia dos Homens Pardos (1758)





Área comercial em frente ao atracadouro. Seus sobrados ainda abrigam lojas e armazéns


Atracadouro onde pegamos a balsa para Sergipe ou os barcos para descer o rio rumo a Piaçabuçu e a Foz do São Francisco


Igreja de Nossa Senhora da Corrente e a Pousada Colonial, onde nos hospedamos e recomendamos. As dependências da pousada nos ajudam a entrar no clima saudosista da cidade. A igreja (1729) possui obra em talha considerada uma das mais belas do Brasil, segundo Germain Bazin, museólogo e ex-diretor do Museu do Louvre. Possivelmente o nome de Senhora da Corrente esteja ligado à invocação à mãe de Deus para proteger os pescadores dos perigos da correnteza do rio


Largo Imperial da Corrente (atual Praça 12 de Abril), entre o rio e a pousada. Possui alguns quiosques que vendem comida e bebida


Entardecer no Largo Imperial da Corrente


Em 1859, o imponente sobrado dos Lemos Araújo foi transformado em Paço Imperial para acolher o Imperador do Brasil, D. Pedro II, quando de sua estadia na cidade de Penedo. Hoje abriga o Museu do Paço Imperial e o Memorial Raimundo Marinho. Foto tirada da pousada, na sacada de nosso quarto


Segundo consta, o Imperador ficou tão impressionado com Penedo que disse a célebre frase: "O local é muito bonito e creio que deveria estar aqui a capital da província"








Hospital Santa Casa de Misericórdia


Outro ângulo do Largo Imperial da Corrente. Foto tirada em frente à pousada



Oratório dos Condenados. Antes de ser supliciado, o condenado passava ali a sua última noite, supostamente rezando, enquanto aguardava a hora de sua execução. O carrasco executor das sentenças, muito conhecido naquela época, atendia pelo apelido de Pinica-Pau





Sacada do nosso quarto (acima, à esquerda), de onde tínhamos uma vista espetacular do rio São Francisco, do Largo Imperial da Corrente e do Paço Imperial


Outro ângulo de nossa vista privilegiada. Na outra margem, Sergipe





Praça Barão de Penedo, antiga Praça do Pelourinho – conta com um dos mais belos conjuntos arquitetônicos da cidade, formado pela Cadeia Pública, Casa de Aposentadoria Velha, Casa de Aposentadoria Nova, Oratório dos Condenados e a Catedral Diocesana, cuja construção teve início no século XVI e terminou 100 anos depois, dizem


Detalhe da Praça do Pelourinho


Praça da Rocheira


A Rua do Banheiro vai terminar no antigo cais cravado na rocha, onde em seguida passou a funcionar o banheiro público, com horário determinado para o banho das mulheres e para o banho dos homens


Vista do Mirante da Rocheira







Para curtir o por do sol, sugerimos o antigo Forte da Rocheira, na beira do Velho Chico. Existem as opções do Mirante e dos restaurantes Forte Maurício de Nassau, em frente à Praça do Pelourinho, e Forte da Rocheira, na subida da ladeira


Restaurante Forte da Rocheira, na subida da ladeira, de frente para o rio


O dois restaurantes localizados na rocheira servem carne de jacaré. Em um, comemos a carne com leite de coco, no outro, servida como muqueca. Deliciosa

Achamos que deveria existir uma preocupação maior com o centro histórico no que se refere ao número exagerado de postes, com fios elétricos e telefônicos extremamente desorganizados. Às vezes fica difícil tirar uma boa foto - há sempre um poste na frente dos sobrados e casas coloniais, e um emaranhado de fios suspensos cortando as ruas e largos. Estivemos em inúmeras outras cidades históricas, muito bem iluminadas, e não vimos isso


Teatro 7 de Setembro. Inaugurado em 7 de setembro de 1884, foi o primeiro teatro alagoano, palco de grandes companhias européias de teatro. Foi também o centro de arte e cultura de toda a região






Almoçando muqueca de jacaré (criatório fiscalizado pelo IBAMA) no Restaurante Forte Maurício de Nassau. Nos fundos do restaurante há um pátio de onde podemos observar o por-do-sol. Boa música, boa comida, ótimo atendimento, e uma vista lindíssima de brinde. Ficamos quase a tarde inteira


Bonecas nas janelas da entrada do restaurante. Toda a decoração é bem típica do sertão nordestino


Cartazes do antigo Cine Penedo. Acervo de seu Gustavo, proprietário do Restaurante Forte Maurício de Nassau











Na balsa, deixando Penedo rumo ao estado de Sergipe


Penedo vista do rio São Francisco, durante a travessia na balsa. Deixou saudades